"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos

Os ditadores reciclam títulos do passado. Foi o caso de Benito Mussolini que determinou que seria chamado de Duce, que deriva do latim dux e que significa guia.

E, seu pupilo Adolf Hitler, copiando o ditador italiano, imitava a saudação romana, com braço direito erguido, e era denominado de Fuehrer por seus seguidores antes mesmo  de alcançar o poder na Alemanha em 1933. A palavra em alemão significava líder ou guia. Mas era formalmente o Fuhrer e Chanceler do Reich.

Já na Romênia, o título ao ditador era Conducator (condutor) que foi usado pelo Ion Antonescu durante a Segunda Grande Guerra Mundial e, mais tarde, pelo derradeiro ditador comunista chamado Nicolae Ceausescu.

Nos tempos da Guerra Fria, o ditador marxista era Josip Broz Tito, que era alcunhado de Marsal, ou Marechal pois esse era seu título ou patente militar.

Francisco Franco outro ditador de direita da Espanha, se autodenominava de El Caudilho (O Caudilho). O ditador paraguaio, por sua vez, José Gaspar Rodríguez de Franci, governou entre 1814 a 1840 sendo chamado de El Supremo.

As denominações seguiam e ainda seguem o tamanho do ego do ditador. Aliás, o de Uganda, Idi Amin Dada, seus títulos eram vários, como: Sua excelência, Presidente vitalício, marechal de campo, doutor, lorde de todos os animais da Terra e peixes dos mares, conquistador do Império Britânico na África em Geral e na Uganda em particular.

Na República Dominicana, o general Rafael Leónidas Trujillo Molina, que governou o país nos anos 30, 40 e 50 era chamado de Benfeitor da Humanidade, e Pai da Pátria Nova e Primeiro Jornalista da República. Aliás, esse último título era devido ao fato de ter comprado o Jornal La Nácion, da capital da república Dominicana.

Na Coreia do Norte que segue uma ditadura hereditária, Kim Il-Sung e Kim Jong-Il usaram títulos como Grande Líder e Querido Líder, respectivamente. O neto do fundador da ditadura ainda usa o título de Líder Supremo.

Os ditadores também apreciam slogans e frases de efeito.Foi o caso do slogan alemão Deutschland über alles (Alemanha acima de Tudo) que embora fosse um verso de um velho poema, fora incentivado em seu uso pelo ditador do Terceiro Reich, o nazista Hitler.

Outro dístico de Hitler foi "Acorda Alemanha!". Depois de chegar ao poder, o que era paradoxal, pois em geral, os ditadores não desejam que ninguém acorde.

A ditadura fascista do português de Antonio de Oliveira Salazar (1932-1975) foi marcada pelo tom melodioso e religioso, além de propor isolacionismo e extremo nacionalismo. Usou três slogan simultâneos. Deus, pátria e família. Orgulhosamente sozinhos e Tudo pela nação, nada contra a nação.

O cubano Fidel Castro tinha um precioso arsenal de slogans e um dos mais famosos, era "Até a Vitória, sempre!" Era igualmente paradoxal, pois apesar de anos no poder, tratava como se a revolução ainda não tivesse conquistada a vitória. De sorte que a ditadura do proletariado precisava bloquear por maior tempo as liberdades individuais.

Outro slogan era de Che Guevara, que mesmo após seu óbito, tornou-se o propagandista do regime de Castro. Hay que enderecerse, pero sin perder la ternura jamás. Numa vã tentativa de argumentar ou justificar que é possível
ser totalitário e, simultaneamente, recitar uma poesia. E, ser assim, terno no ato de exercer a ditadura.

Os ditadores também criaram curiosas denominações para sua ditadura. Aqui no Brasil, o Golpe de Estado, foi batizado com Revolução Redentora. Enquanto que na Argentina em 1976, o General Jorge Videla colocou o nome de Processo de Reorganização Nacional, mais conhecido apenas como o Processo.

No Chile, o General Augusto Ramón Pinochet escolheu termo mais genérico, e optou o nome de Junta de Governo. Já, em Portugal, Salazar colocou o nome de seu regime de Estado Novo, aliás, o que serviu de inspiração para o
ditador brasileiro Getúlio Vargas.

Na Grécia, o berço da democracia, conheceu o ditador e general Ionnis Metaxas que chegou no poder em 1936 e instaurou um regime de extrema direita que fora batizado de Terceira Civilização Helênica. Tal qual fez Hitler ao criar o seu Terceiro Reich, pois considerava que só havia existido apenas dois Reichs anteriores, a saber: o Sacro Império Romano-Germânico e o Império Alemão.

Na ditadura de Mussolini a frase mais habitual era "Mussolini tem sempre razão", sendo um dos principais slogans do regime fascista. E, com essa frase, os militantes interrompiam qualquer debate. Aliás, Mussolini era falante e  expressava impressionantes absurdos e seus militantes aplaudiam esfuziantes. E, o raciocínio era o seguinte: "Se ele chegou ao poder e comandar o país, ele sabe sobre tudo".

A história da humanidade registra a existência de diversos líderes totalitários e ditadores tentaram vincular seus governos com o Além. Então, eles se muniam de poderes sobrenaturais tanto que Duce Mussolini contava afirmar três elementos estavam intensamente atrelados, a saber: Dio Patria Famiglia. Ou seja, Deus. Pátria Família.

O ditador Robert Mugabe que governou o Zimbábbue entre 1980 a 2017 para justificar a ausência de democracia em seu país, chegou afirmar que somente deus, que o colocou no poder, poderia removê-lo.

Já o ditador norte-coreano durante muitos anos, seus porta-vozes sustentavam que não defecava, pois sua anatomia
era celestial.

Houve ditaduras e ditabrandas, termo que foi criado em 1930 pelo general Dámaso Berenguer que substituiu o General Miguel Primo de Rivera no comando da ditadura fascistoide na Espanha. E, para convencer a opinião pública de que seu regime seria mais leve do que o anterior, definiu-se como ditabranda. Mesma terminologia fora usada pelo sanguinário General Pinochet para definir seu regime.

Nesse mesmo sentido existiu uma expressão bem similar, a ditadura benevolente que foi usada por vários ditadores que aparentemente tinham maior leveza e permitiam que algumas liberdades individuais em comparação com outros regimes totalitários. Foi o caso de Tito na Iugoslávia que era conceituado por simpatizantes estrangeiros.

A Era Stálin ou Stalinista foi dominada por Josef Stálin, quando havia um Estado totalitário, modelado por um líder que tinha todos os poderes e buscava reformar a sociedade soviética, com planejamento econômico agressivo, especialmente, com uma varredura da coletivização da agricultura e do desenvolvimento do poder industrial.

Aliás, a Segunda Guerra Mundial ficou conhecida pelos soviéticos como A Grande Guerra Patriótica, e devastou grande parte da URSS, com cerca de uma em cada três mortes, sendo um cidadão soviético.

Com o fim do conflito, os exércitos soviéticos ocuparam a Europa Oriental, onde instalaram-se os governos comunistas, e permaneceram no Bloco do Leste, enquanto que os EUA mantiveram sua influência na Europa Ocidental, onde os governos democráticos foram estabelecidos.

Stalin em seu trabalho mais famoso, foi um artigo publicado sob pseudônimo, derivado da palavra russa aço (Stal), e o ditador reteve esse nome pelo resto de sua vida, quando estabeleceu sua reputação entre os bolcheviques.

Uma das frases de impacto de Stalin foram: - Devemos aprender a odiar nossos inimigos;  A morte resolve todos os problemas - sem homem, sem problema;  Líderes vão e vem, mas o povo permanece. Apenas o povo é imortal.

Será? A estória se repete ...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/05/2019
Alterado em 02/05/2019
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